Era tarde e sol
Era mais um dia
Passando, passando...
Mais um dia e só.
Dia da Poesia,
Dia a dia, cotidiano.
E o cansaço na pele,
No corpo, na cara,
O tempo que não para,
Ainda que se atropele.
A urgência de tudo,
A extrema necessidade,
O verso por sobrevivência...
Rima pobre em verso mudo.
De viver, nem a vontade;
E o silêncio, a insurgência.
Sob o calor de infernos maquinais
Brota a vida, pobre mortal;
E vivos nós, como algo tão banal,
Carne e osso à espera de mais...
E o saber que não se sabe
Vem do peito
A alma de toda a psicanálise
Que em mim não cabe.
Morte e vida ao leito,
Num grito: calem-se!
Eduardo Ferreira